Santa Casa: o único caminho é a intervenção

*Por Misael Galvão

Funcionando há 202 anos, a Santa Casa de Misericórdia de Cuiabá é, mais do que parte importante da história da nossa cidade, referência no atendimento aos cuiabanos e a pessoas de muitos municípios de Mato Grosso. Seu funcionamento assegura a milhares de cidadãos e cidadãs mato-grossenses, todos os meses, atendimento de qualidade o que, em muitos casos, representa uma nova chance de vida aos pacientes. Este motivo, por si só, justifica uma intervenção estatal na unidade, o que já deveria ter acontecido.

Desde quando os problemas da unidade foram descobertos pelos vereadores, a Câmara Municipal tem cumprindo seu papel constitucional, buscado conhecer a realidade da unidade e trabalhado na busca por formas de dar respostas à população e aos colaboradores, que há meses não recebem seus salários e, nem por isso, se furtaram de cumprir sua missão e dar atendimento e dignidade aos pacientes.

A Câmara levantou a bandeira e promovemos uma série de ações e reuniões. Ouvimos sindicatos, a antiga direção, a atual direção, médicos, colaboradores, o Poder Público, o Conselho de Saúde e a população – e a cada diálogo aberto temos ainda mais certeza de que a intervenção é imprescindível para que a gestão do hospital passe por ajustes que façam com que a unidade se torne sustentável e mantenha suas portas abertas e leitos disponíveis aos pacientes.

Mas esta intervenção não pode ser tocada unicamente pelo Executivo Municipal, instigado pela Câmara de Vereadores. É preciso que haja a participação das demais autoridades como o Ministério Público, Tribunal de Contas, Tribunal de Justiça, Governo do Estado, Governo Federal, Assembleia Legislativa, Bancada Federal, além de outros órgãos. A Santa Casa não é de uma pessoa só ela é do povo cuiabano, do povo mato-grossense e precisa ser reaberta sem cor partidária. Temos que pensar no povo que precisa da saúde e não pode esperar nenhum minuto.

Já está claro mesmo que a Santa Casa receba mais recursos, não seria o suficiente para que o hospital se reerguesse e voltasse a viver seus dias de glórias. É preciso mais do que isso, é preciso que haja uma mudança radical na administração do hospital, revisão de processos, gerenciamento efetivo de custos e a busca por outras fontes de financiamento. É isso que nós, os 25 vereadores da Câmara Municipal de Cuiabá defendemos.

É inegável que a crise que atingiu e atinge o Poder Público em todo o país teve impacto direto nos hospitais filantrópicos. Mas é certo também que é preciso apurar exatamente o que levou o hospital, tão tradicional, a esta situação. Tudo isso pode ser analisado e medido sem que as portas da Santa Casa estejam fechadas, sem que a população, que já sofre diversos problemas em busca de atendimento na saúde pública, seja mais uma vez penalizada. Isso seria plenamente possível com a união de gestores e órgãos de controle e a intervenção imediata na unidade. A Saúde não pode esperar, o povo não pode esperar.

Nesta quarta-feira, vamos em comitiva para Brasília (DF) atrás desses recursos, mas de nada adiantará se não houver a intervenção. Com a soma das forças dos diversos órgãos públicos, essa intervenção pode ocorrer. A Santa Casa de portas abertas, sem cor partidária. Precisamos da intervenção, já!

*Misael Galvão é do PSB e presidente da Câmara Municipal de Cuiabá

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