O presidente da República, Jair Bolsonaro, concedeu entrevista ao Jornal da Record, nesta segunda-feira (16), antes de receber alta do hospital e viajar para Brasília, onde vai reassumir à presidência nesta terça (17). O chefe do Executivo afirmou que já na segunda da próxima semana viaja para a reunião da ONU nos Estados Unidos e que começou a preparar seu discurso.
“Eu já estou angustiado e quero participar da vida ativa do Brasil, afinal de contas, fui eleito para isso, mas tem uma questão de saúde no caminho. E na segunda-feira decolamos para os EUA para a reunião da ONU e eu tenho que estar preparado para exatamente sustentar um discurso de 20 minutos. Falei a tempo atrás que ia de qualquer maneira, nem se fosse de cadeira de rodas, com todo respeito aos cadeirantes. Já comecei a rascunhar o discurso, diferente dos que me antecederam. É conciliatório sim, mas reafirmar a questão da nossa soberania e do potencial que o Brasil tem e o que o Brasil representa para o mundo. Coisa que pelo que me consta, poucos ou quase nenhum presidente teve uma postura dessa na ONU”, prometeu Jair Bolsonaro.
O presidente da República também falou sobre a indicação de Eduardo Bolsonaro ao cargo de embaixador do Brasil nos EUA. Jair ressaltou a proximidade do filho junto à família Trump, mas preferiu não colocar um prazo.
“Não posso falar em data, sabia que o nome dele ao ser cogitado daria muita polêmica. Muita gente entrou para o lado pessoal. Ele está vencendo resistências. Lógico que eu pretendo que ele seja aprovado. Tem competência, tem qualidade. Não é porque é meu filho, se não for meu filho, vai ser filho de alguém. O mais importante: tem liberdade com a família do presidente Donald Trump. Essa a maior intenção. O embaixador é um cartão de visita. Tanto é que há algumas semanas ele foi aos EUA junto com o Ernesto Araújo e foi recebido pelo presidente Donald Trump. Ninguém nunca conseguiu isso”, disse.
Jair Bolsonaro ainda abordou a polêmica reportagem da Revista Época com sua nora, Heloísa Bolsonaro, esposa de Eduardo, quando um repórter se passou por um cliente e fez sessões de coaching com a profissional.
“Ele teve com ela por cinco momento, ele gravou tudo que aconteceu ali, ela me disse que ele se passou por gay, falava muito da questão religiosa, da questão política pra vê se ela falava algo que pudesse comprometer. Eu não li a matéria da revista, tinha mais coisas para fazer. Não é esse o trabalho que a imprensa tem que se prestar a fazer. Quando você procura um psicólogo você parte do princípio que tem confiança nele e ele em você. Só poderia ser gravado um comum acordo entre vocês dois”, criticou o presidente.
Carlos Bolsonaro e a democracia
O post de Carlos Bolsonaro em que o vereador do Rio de Janeiro diz que “Por vias democráticas, a transformação que o Brasil quer não acontecerá na velocidade que almejamos” mereceu também um comentário do presidente da República. Jair Bolsonaro disse que o filho “tem razão”, mas minimizou o comentário.
“É uma opinião dele, e ele tem razão. Se fosse em Cuba ou na Coreia do Norte não já teria aprovado tudo que é reforma sem Parlamento? Demora porque tem a discussão, isso é natural. Porque muita gente nos pressiona se tivesse poder de influenciar o Parlamento. Não tenho esse poder, e nem quero ter esse poder em nome da democracia”, afirmou.
“Se tivesse estudando português diria que é uma figura de linguagem conhecida como “pleonasmo abusivo”. É cosia óbvia, nem deveria dar essa repercussão toda que se teve. Teve porque é meu filho. Alguma manifestação minha dizendo que a democracia não pode ser feita diferente. Tenho minhas criticas ao Parlamento, o Parlamento tem para comigo. Gostaria que fosse mais rápido, óbvio, porque o Brasil não pode continuar marcando passo em algumas coisas. A reforma da Previdência, né, nós estamos no oitavo mês de mandato, tá demorando um pouquinho, mas esse mês se Deus quiser vai estar tudo resolvido. O Brasil está caminhando. Há quantos anos tentaram fazer uma reforma próxima da nossa e não conseguiram? Acho até que o Carlos se equivocou. Está sendo rápida demais no governo Jair Bolsonaro”, concluiu sobre o assunto.
Relações no governo
O presidente também comentou a visita de Sergio Moro e disse manter uma relação “amistosa” com o chefe da pasta da Justiça.
“O Sergio Moro não esteve aqui sozinho, esteve com a esposa dele juntamento com a minha esposa. Eu não vou na tua casa te visitar se não tiver um clima amistoso entre nós. Era pra ser 5 minutos, por recomendação médica. Fiquei quase 1h conversando com ele”, comentou.
Bolsonaro também explicou a polêmica demissão de Marcos Cintra, ex-chefe da Receita Federal, após a notícia de que o governo pretendia voltar com a CPMF.
“Marcos Cintra foi meu colega de Parlamento por dois ou três mandatos. Era chefe da Receita, bom relacionamento com ele, foi indicação do Paulo Guedes. O que tínhamos combinado era que não entraria em detalhes da Reforma Tributária até apresentar o final do projeto para mim. Por duas oportunidades isso foi antecipado pela equipe dele. E a última antecipação falou-se da volta da CPMF e é uma questão que eu decidi que não se toca mais nesse assunto, até porque é um imposto contaminado. Quem exonerou foi o ministro Paulo Guedes. O que eu posso adiantar é que eu quero alguém da Receita para estar à frente dela”, disse.
“Você pode até falar de CPMF, deixar o povo discutir, o Parlamento, o que não pode é um projeto do governo. Porque para você desfazer tudo que foi feito no tocante a CPMF é quase impossível. Foi criado um bom propósito lá atrás, um imposto para a saúde, e dai o que vinha para a saúde de outras fontes foi usado para desviar para outras finalidades, e a CPMF passou a ser um imposto marcado, que não caiu bem, a sociedade não topou e não vamos insistir nesse imposto agora.”, concluiu o presidente.
Fonte: Jovem Pan