Cientista e professor da Faculdade de Medicina da UFMG, Dr André Murad, confirma que é possível o desconfinamento seletivo

Uma proposta para o desconfinamento gradual e seletivo da chamada “população de baixo risco” baseada na execução de testes sorológicos em massa para tomada de decisão

*Por Dr. André Márcio Murad

Quantos casos COVID-19 passaram despercebidos? E aqueles que tiveram casos leves da doença – talvez tão leves que a descartaram como resfriado ou alergias, mas agora se tornaram imunes a novas infecções? Nesse caso, eles poderiam retardar a propagação da pandemia crescente.

Responder a essas perguntas é crucial para gerenciar a pandemia e prever seu curso. Mas as respostas não virão dos testes de diagnóstico baseados em RNA (RT-PCR) que estão sendo dados agora pelas dezenas de milhares. Eles procuram a presença de genes virais em um cotonete no nariz ou na garganta, um sinal de uma infecção ativa.

Mas nós também precisamos testar o sangue  de uma pessoa em busca de anticorpos para o novo vírus, conhecido como coronavírus 2 da síndrome respiratória aguda grave (SARS-CoV-2). Esses testes também podem detectar infecções ativas, mas, mais importante, podem dizer se uma pessoa foi infectada no passado porque o corpo retém anticorpos contra patógenos que já superou, o que significa então que o indivíduo infectado adquiriu imunidade à doença e não tem mais como transmiti-la, podendo retornar então à sua rotina de trabalho.

Laboratórios correm para desenvolver testes de anticorpos essenciais

Laboratórios e empresas de todo o mundo correram para desenvolver testes de anticorpos, e alguns foram usados ​​em pequenos estudos e receberam aprovação comercial, incluindo vários da China. E estes testes já estão disponíveis no Brasil.

Pelo baixíssimo custo e rapidez de execução (alguns minutos), pode e devem ser aplicados em larga escala, principalmente para a tomada de decisão de quem pode retornar à sua vida normal de trabalho e não mais oferece riscos de infectar seus contatos. Os resultados destes testes, tanto realizado pela a técnica ELISA como por imunocromatografia, vão nos indicar os níveis séricos dos anticorpos circulantes IgM e IgG específicos contra o SARS-CoV-2.

Os anticorpos IgG e IgM também são conhecidos como imunoglobulinas IgG e IgM, respectivamente, e estão entre os isotipos de anticorpos produzidos pelo sistema imunológico de vertebrados. A IgM é o primeiro anticorpo que aparece em resposta à exposição inicial a antígenos, como proteínas SARS-CoV-2. Os anticorpos IgM são os principais anticorpos envolvidos na resposta imune primária, enquanto os anticorpos IgG estão envolvidos na resposta imune secundária.

E aí, do ponto de vista prático e epidemiológico eu pergunto: alguém  pode me esclarecer por favor qual o benefício de se manter uma pessoa saudável em quarentena sendo que ela já apresenta sorologia compatível com imunidade ao virus?

Por isso, minha sugestão para as autoridades sanitárias:

Aplicação dos testes rápidos sorológicos para a população de baixo risco para a infecção, médicos, para-médicos, policiais, bombeiros e trabalhadores de serviços essenciais. Todos que apresentarem níveis elevados de IgG circulante (o que deve configurar imunidade de acordo com o corolário da Imunologia) e sem níveis de IgM seriam liberados para o trabalho, pois precisamos  liberar para a volta ao trabalho a nossa força produtiva saudável e de baixo risco para a infecção, como já é permitido para nós médicos, paramédicos, policiais, bombeiros e trabalhadores de serviços essenciais.

Nós quando chegamos em nossa casa, mantemos os cuidados devidos e o nosso isolamento junto aos que estão próximos nós (é o chamado isolamento reverso). Eventualmente, confinamentos futuros poderiam ser determinados dependendo da curva de crescimento da doença. Com os testes rápidos que são sorológicos e quantitativos, poderemos liberar os que já desenvolveram níveis elevados de IgG, e portanto uma suposta imunidade.

A economia não pode morrer, pois a catástrofe seria maior ainda

Do contrário, a morte da economia e de toda a sua engrenagem e cadeia produtivas será muito mais devastadora e deletéria, pois teremos uma carnificina dupla: pela pandemia e pela miséria! A desobediência civil, os saques, os levantes e o caos social se avizinham! Lembrem-se que estamos em um país com graves deficiências econômicas e sociais, ou seja, somos os pacientes mais fragilizados para tratamentos agressivos. Seguindo a minha analogia, somos uma economia muito debilitada para receber o tratamento pelo qual se optou: extremamente tóxico, em doses elevadíssimas e administrado por um período de tempo excessivamente longo, o que está claramente debilitando e condenando o paciente ao ÓBITO – no caso- NOSSO BRASIL!

*Dr. André Márcio Murad – Médico Oncologista e Professor de Medicina, Pós-Doutor em Genética” (jaribeirobh@gmail.com – 31-99953-7945 WhatsApp)

Fonte: blogs.uai.com.br (Por José Aparecido Ribeiro)

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