Uma agência reguladora dos Estados Unidos manifestou preocupação com a suspeita de o laboratório AstraZeneca ter incluído dados desatualizados nos testes clínicos feitos com seu imunizante contra o novo coronavírus (Covid-19) naquele país. Consequentemente, essa possibilidade está gerando dúvidas sobre a eficácia e a segurança do antígeno.
A situação está causando polêmica, pois, essas suspeitas em território americano estão acontecendo sobre uma das vacinas mais usadas no mundo, justamente em um momento de agravamento do surto pandêmico na Europa e na América Latina, inclusive no Brasil.
Ontem (22/03), a AstraZeneca chegou a divulgar que os testes em mais de 32 mil pessoas em território americano demonstraram que o imunizante tem eficácia de 79% para prevenir a Covid-19 sintomática e de 100% para boquear as formas graves do vírus e, consequentemente, possíveis internações, além de garantir que não aumenta o risco de coágulos sanguíneos.
Entretanto, o Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas americano (NIAID) expressou “preocupação com o fato de que a AstraZeneca pode ter incluído informações desatualizadas no teste, o que pode ter fornecido uma visão incompleta dos dados de eficácia”.
“Nós pedimos à empresa que trabalhe com o Conselho de Monitoramento de Dados e Segurança (DSMB), grupo de especialistas independentes que faz a revisão dos testes clínicos, para monitorar os dados de eficácia e garantir que os dados mais precisos e atualizados serão tornados públicos o mais rápido possível”, disse a entidade, segundo nota publicada na coluna Viva Bem Uol.
Hoje (23/03), com o intuito de esclarecer o caso, a AstraZeneca anunciou que deverá publicar em até 48h mais dados sobre os testes clínicos nos Estados Unidos, realizados com seu imunizante.
Opinião de especialistas
Para o farmacêutico Rafael Poloni, que também é professor da pós-graduação em Farmácia Clínica e Prescrição Farmacêutica do ICTQ – Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico, as indústrias farmacêuticas precisam estar seguras para esclarecer dúvidas em relação aos seus respectivos antígenos.
“As empresas fabricantes de vacinas são responsáveis pela autenticidade e veracidade dos dados enviados às agências regulatórias. Então, se houver dúvidas, as agências reguladoras irão entrar em contato com o detentor do registro para esclarecimentos, para que todo o processo seja transparente e fidedigno, com o único intuito de prover saúde à população”, destacou ele, em entrevista exclusiva à equipe de jornalismo do ICTQ.
Fonte: ICTQ – Por Wandy Ribeiro – ictq.com.br (Postado em indústria farmacêutica)