Em Várzea Grande, o Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil oferece atendimento multidisciplinar para crianças e adolescentes autistas.
Uma fita com quebra-cabeça em várias cores é o símbolo universal da consciência sobre o Autismo. Embora essa imagem seja uma marca registrada da síndrome, muitos ainda não a conhecem, o que dificulta a identificação dos direitos dessas pessoas. Principalmente neste período de pandemia da Covid-19, quando a dificuldade dos autistas em usar máscaras contra o coronavírus preocupa pais e famílias que convivem com esse transtorno.
Conforme explica a presidente da Associação dos Amigos dos Autistas e da Criança com Deficiência do Estado de Mato Grosso (AMA-MT), Helena Glaziela Amaral, o uso da máscara gera reações de irritação, agitação, agressividade ou até autoagressão nos autistas.
“O autismo, cientificamente, é conhecido como Transtorno do Espectro Autista, o TEA. É uma síndrome caracterizada por problemas na comunicação, na socialização e no comportamento. A criança com autismo possui alteração neurológica e hipersensibilidade sensorial, ou seja, a luz, o barulho e o toque podem incomodar”, explica.
Outro obstáculo enfrentado pelas famílias de crianças e adolescentes autistas é a falta de aplicabilidade e divulgação da lei nacional 13.979 de 2020, que dispensa a obrigatoriedade do uso de máscaras de proteção individual no caso de pessoas com TEA, com deficiência intelectual, com deficiências sensoriais ou com quaisquer outras deficiências que as impeçam de fazer o uso adequado do equipamento de proteção, inclusive crianças com menos de três anos de idade, durante o período que vigorar a situação de pandemia.
De acordo com a coordenadora de Saúde Mental da Secretaria de Saúde de Várzea Grande, Soraya Miter Simon, é necessário que o Poder Público ajude a difundir os direitos e deveres das pessoas autistas bem como garantam o atendimento a este público.
“Em Várzea Grande, por exemplo, temos o Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil, o CAPSi. Ele oferece acolhimento às crianças e adolescentes autistas, além de seus familiares sem a necessidade de encaminhamento médico. Nosso atendimento é de portas abertas, de segunda a sexta-feira, das 7h às 17h. Dispomos de equipe multiprofissional com psicólogo, enfermeiro, fonoaudiólogo e assistente social. Em casos mais graves, encaminhamos para o Centro de Reabilitação”, detalhou a coordenadora.
No caso da lei nacional 13.979 de 2020, que dispensa a obrigatoriedade do uso de máscaras de proteção individual a pessoas autistas, Soraya reforça que as pessoas precisam compreender “que o uso de máscara potencializa o distúrbio do processamento sensorial, o que dificulta para eles a utilização de algo no rosto. Não é porque eles simplesmente não querem utilizá-los, mas porque há uma dificuldade maior do que para nós”, explica.
Além de presidente da AMA-MT, Helena Glaziela também é mãe da pequena Isadora de 5 anos, diagnosticada com autismo, e relata que evita sair com ela neste período de pandemia.
“Eu evito sair com ela, somente saio em casos extremamente necessários, como ir ao médico, pois a insistência na utilização da máscara pode causar uma crise e prejudicá-la. E, apesar de existir a lei desobrigando o uso, nesses casos específicos, muitos estabelecimentos comerciais, trabalhadores do transporte público, aeroportos, supermercados e sociedade em geral a desconhecem”, alerta a presidente da AMA-MT.
Helena Glaziela lembra que também é necessário a aplicação do símbolo do autismo em placas de atendimento preferencial. “A difusão dele vai universalizar o entendimento e o acolhimento da pessoa com autismo. Além de trazer o quebra-cabeça, suas peças são em cores diferentes, o que representa a diversidade de pessoas e famílias que convivem com o transtorno”.