Procedimento passa a integrar a cartela de serviços ofertados pela unidade de saúde
O Hospital Metropolitano, unidade mantida pela Secretaria Estadual de Saúde (SES-MT) em Várzea Grande, realizou a primeira neurocirurgia de implante de estimulador cerebral profundo, que visa melhorar os sintomas da doença de Parkinson. O novo procedimento passa a integrar a cartela de serviços ofertados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em Mato Grosso e beneficiará pacientes regulados que se enquadram nos critérios do procedimento.
A cirurgia ocorreu na quarta-feira (21.06), durou cerca de 8h, não houve intercorrência e o paciente, de 58 anos, está estável, em observação. O secretário de Estado de Saúde, Gilberto Figueiredo, enfatizou o esforço da atual gestão na ampliação dos serviços ofertados pelos hospitais geridos pela pasta.
“Esse tipo de cirurgia só ocorre em grandes centros e hoje ela integra nossa cartela de serviços. Isso é muito gratificante porque é um procedimento tão aguardado que beneficiará os usuários do SUS em Mato Grosso. Parabenizo toda a equipe da SES e do hospital pelo empenho na realização da cirurgia”, disse o gestor.
A secretária adjunta de Gestão Hospitalar, Caroline Dobes, ressalta que os investimentos em recursos humanos, na infraestrutura e na modernização do parque tecnológico da unidade de saúde foram fundamentais para a realização dessa e de outras cirurgias neurológicas. “A atual gestão trabalha incansavelmente para disponibilizar os serviços mais modernos e eficientes aos pacientes. Nossa equipe está atenta às novidades no meio hospitalar”, acrescentou a secretária.
O investimento para realização da cirurgia é de aproximadamente R$ 168 mil por paciente. Segundo a diretora do Hospital, Cristiane de Oliveira, a unidade dispõe de equipe preparada para manutenção do novo serviço. “Contamos com uma equipe médica completa para assistir todo paciente com recomendação para a cirurgia”, informou Cristiane.
Além da especialidade de neurocirurgia, o Hospital Metropolitano é referência nas áreas de cirurgia bariátrica, cirurgia geral, medicina intensiva, neurologia, ortopedia e traumatologia, urologia e cirurgia vascular, além de ofertar internamente as especialidades de anestesiologia, clínica médica, pneumologia, psiquiatria, endocrinologia exames de imagens e laboratoriais.
Sobre a doença
Um dos médicos responsáveis pelo procedimento, o neurocirurgião Atahualpa Cauê Paim Strapasson explica que o Parkinson não tem cura e é a segunda doença neurodegenerativa mais frequente na população, com prevalência de 0,3%. Ela se caracteriza pela destruição de neurônios numa região profunda do cérebro, chamada substância nigra, que produz o neurotransmissor dopamina.
“A falta desse neurotransmissor afeta o controle motor do organismo causando no paciente um quadro de rigidez, lentidão de movimentos e eventualmente tremores, que normalmente no início é de apenas um lado do corpo e progressivamente afeta o outro lado, até que ocorre a piora dos sintomas”, conta o médico.
O doutor Atahualpa ressalta que há outros sintomas como alteração de olfato, do ciclo circadiano e do equilíbrio, além da dificuldade de fazer digestão de alimentos e quadro demencial. O tratamento inicial é medicamentoso e, segundo o médico, somente cerca 20% dos pacientes do Parkinson são candidatos ao procedimento cirúrgico.
“Para ser um candidato ao procedimento, os sintomas predominantes do paciente devem ser rigidez, lentidão e tremor, além disso o paciente tem que responder ao tratamento medicamentoso. Ele não pode ter outros problemas graves de saúde que impeçam a cirurgia, não pode ter desenvolvido alteração demencial e a ressonância e/ou tomografia do crânio não podem ter muitas alterações”, pontua o neurocirurgião.
Durante a cirurgia, é implantado um eletrodo numa região profunda do cérebro que não esteja funcionando direito em razão da destruição dos neurônios dopaminérgicos da substância nigra. Estes eletrodos têm fios que vão embaixo da pele até um gerador que vai mandar impulsos elétricos para o cérebro, fazendo com que os neurônios voltem a funcionar de maneira mais adequada.
O médico ainda ressalta que a cirurgia não é curativa, assim como o tratamento clínico, mas ela melhora os sintomas dos pacientes em até 70%, proporcionando mais qualidade de vida e menos tremores.