A realização dessas operações no Hospital Geral representa um avanço crucial para os pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) em Mato Grosso.
O Hospital Geral e Maternidade de Cuiabá (HG) alcançou um marco significativo na medicina cardiovascular de Mato Grosso ao realizar, no último sábado (08.06), duas operações inéditas para correção da Anomalia de Ebstein. As cirurgias, conduzidas pelo cirurgião cardiovascular Dr. Gibran Feguri e a equipe ECCOR, utilizaram uma técnica consagrada pelo Dr. José Pedro da Silva (Cirurgia do Cone), atualmente difundida globalmente com excelentes resultados.
A Anomalia de Ebstein é uma rara malformação congênita cardíaca, presente desde o nascimento. Nesta condição, a válvula tricúspide está posicionada de forma irregular e suas partes, chamadas de folhetos, são malformadas, resultando em regurgitação e disfunção no ventrículo direito. Os pacientes frequentemente sofrem de cansaço, falta de ar, insuficiência cardíaca e arritmias. Em condições normais, a válvula tricúspide permite a passagem do sangue do átrio direito para o ventrículo direito, fechando-se posteriormente para evitar o refluxo. Na regurgitação tricúspide, a válvula não fecha adequadamente, fazendo com que o sangue vaze de volta ao átrio direito durante a contração do ventrículo direito.
O Dr. Gibran explica que a regurgitação grave, associada a anomalias do ventrículo direito, provoca sintomas debilitantes. “Estudamos a técnica cirúrgica que corrige a posição da válvula e restaura sua função, melhorando significativamente a capacidade cardíaca do paciente. Visitamos centros de referência e trouxemos colegas experientes, como o Dr. Marcelo L. Felício (Unesp/SP), para nos auxiliar em Cuiabá,” complementa.
A realização dessas operações no Hospital Geral representa um avanço crucial para os pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) em Mato Grosso. Anteriormente, pacientes adultos com Anomalia de Ebstein eram encaminhados para centros médicos em outros estados, causando atrasos e aumentando o desgaste físico e emocional. Com essa técnica disponível localmente, o tratamento pode ser oferecido de forma mais rápida e eficiente, reduzindo o tempo de espera e melhorando a recuperação dos pacientes.
O diretor técnico do Hospital Geral e Maternidade de Cuiabá, Dr. Alexandre Maitelli, destacou o impacto desta inovação. “Esses procedimentos demonstram que o HG está na vanguarda da tecnologia médica e do atendimento cardiológico. Estamos constantemente investindo em novas tecnologias e na capacitação de nossa equipe médica para garantir o melhor cuidado possível aos nossos pacientes, consolidando nossa posição como referência em saúde do coração em Mato Grosso. Nosso compromisso é com a excelência e a humanização no atendimento. Continuaremos a buscar inovações que tragam benefícios diretos para a saúde e o bem-estar de nossos pacientes.”
O Dr. Gibran Feguri enfatizou que pacientes adultos da rede pública diagnosticados com esta anomalia agora podem procurar um Posto de Saúde para obter um encaminhamento para o Ambulatório do Serviço de Cirurgia Cardiovascular (ECCOR) no Hospital Geral, onde serão avaliados. Ele também destacou o papel de todas as equipes do hospital que viabilizaram todo o material e aparato técnico necessário para a realização dos procedimentos, incluindo o exame de ecocardiograma transesofágico, essencial para o sucesso das cirurgias.
